Nem todo insight precisa virar slide
Uma boa pesquisa não termina na análise. O que realmente transforma um achado em impacto é como você entrega o que descobriu.
Nos últimos anos, percebi que o formato da entrega pode ser tão decisivo quanto o conteúdo em si. Não adianta encontrar ótimos insights se ninguém lê o relatório ou se a mensagem se perde em um slide carregado demais.
Neste texto, compartilho alguns aprendizados sobre como adaptar o formato da entrega ao público, ao objetivo da pesquisa e ao tempo disponível do time. Spoiler: às vezes, um bom vídeo ou card vale mais que vinte slides.
Nem tudo precisa ser uma apresentação
Durante muito tempo, eu achava que toda pesquisa precisava virar uma apresentação. Mas a verdade é que a melhor entrega é aquela que as pessoas conseguem usar. E isso muda de acordo com quem vai receber, do tempo que essa pessoa tem e de como ela se informa no dia a dia.
Hoje, eu penso mais ou menos assim:
Para discussões estratégicas: um documento conciso e detalhado sobre os achados com um sumário executivo de no máximo uma página.
Para consumo rápido e assíncrono: vídeos curtos com highlights da pesquisa ou cards visuais que resumem os aprendizados.
Para pesquisadoras e pares: um doc mais técnico com decisões metodológicas e caminhos futuros.
Vídeos ajudam (muito) a dar vida à pesquisa
Nos últimos meses, os vídeos se tornaram uma das minhas formas favoritas de entrega — especialmente quando o tempo dos stakeholders é escasso. Um vídeo de três minutos com os principais aprendizados, cortes de fala de usuários e sugestões práticas pode ser:
Mais acessível do que um relatório longo.
Mais envolvente para quem não participou da pesquisa.
Mais lembrado ao longo do tempo.
Já usei esse formato tanto para pré-leitura antes de apresentações quanto como resumo final enviado no Slack — e, em ambos os casos, o engajamento foi bem maior.
Dica: Da última vez usei o Google Vids e funcionou super bem, deixando com uma carinha de videomaker profissional.
E se fosse uma mensagem? Uma jornada? Um personagem?
Alguns outros formatos que funcionaram comigo:
TL:DR: o too long didn't read é um formato ultra resumido sobre o report que comunica apenas o mais essencial. Ele funciona muito bem para ser compartilhado em canais acompanhado do link completo dos achados.
Mural visual / Jornada: ajuda o time de design e produto a visualizar rapidamente onde estão os problemas.
Personagens inspirados na cultura brasileira: já usei Heleninha de Manoel Carlos, Kiko do Chaves e Seu Lineu da Grande Família para representar perfis reais de usuários. Parece brincadeira, mas faz o time lembrar do que foi apresentado meses depois.
Como decidir o melhor formato
Antes de montar qualquer entrega, tento responder:
Quem vai receber isso?
Executivos, designers, devs, outros pesquisadores?Quanto tempo essa pessoa tem para consumir?
Cinco minutos no meio do dia? Uma hora em uma sessão dedicada?O que essa pessoa precisa fazer com essa informação?
Tomar uma decisão? Ajustar algo? Apenas se manter informada?
Essas perguntas me ajudam a pensar no formato como parte da estratégia.
Conclusão
Um insight mal apresentado é um insight perdido. E nem todo achado precisa virar slide, relatório ou mural no Figjam.
Pensar em formatos diferentes, leves, visuais e ajustados à realidade de quem vai receber é uma das melhores formas de garantir que a pesquisa não só informe — mas também inspire, direcione e gere ação.
Se você sente que ninguém está usando o que você descobriu, talvez a pergunta não seja “como faço um relatório melhor?”, mas sim: “Como eu poderia ter contado essa história de outro jeito?”
Isso tinha que virar frase de camiseta!